
A farmacĂȘutica havia apontado, em nota divulgada na segunda-feira, 28, que era mais vantajoso manter apenas o trĂąmite para obtenção do registro definitivo do imunizante, que permite a distribuição do produto em larga escala, inclusive para a rede privada. A Pfizer afirmava que a falta de um contrato definitivo com o governo brasileiro, alĂ©m de exigĂȘncias da Anvisa, eram barreiras para acelerar o uso emergencial.
A Anvisa estima que levarĂĄ atĂ© 10 dias para avaliar um pedido de uso emergencial. NĂŁo hĂĄ solicitação deste tipo ainda na agĂȘncia.
Agora a empresa declara que, "diante dos esclarecimentos feitos pela AgĂȘncia", hĂĄ a possibilidade de a a Anvisa "modular pontos especĂficos do Guia de SubmissĂŁo para Uso Emergencial, possibilitando uma maior agilidade na submissĂŁo desse tipo de processo (uso emergencial)." A farmacĂȘutica manterĂĄ ainda as tratativas para obter registro definitivo.
O uso da vacina da Pfizer jĂĄ foi autorizado em mais de 40 paĂses. O Brasil negocia a compra de 70 milhĂ”es de doses da vacina, mas o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da SaĂșde, Eduardo Pazuello, tĂȘm criticado exigĂȘncias feitas pela empresa, como clĂĄusula contratual para nĂŁo responder por eventuais efeitos colaterais do imunizante.
Plano federal prevĂȘ meio milhĂŁo de doses de farmacĂȘutica americana em janeiro
Mesmo sem o contrato fechado, o plano de imunização do MinistĂ©rio da SaĂșde prevĂȘ que a Pfizer reserve 500 mil doses ao Brasil em janeiro. O documento ainda estima 2 milhĂ”es de doses da farmacĂȘutica no primeiro trimestre. A soma atĂ© a metade do ano seria de 8,5 milhĂ”es de unidades. No segundo semestre, cerca de 61 milhĂ”es de vacinas chegariam ao PaĂs.
A ideia do ministĂ©rio Ă© usar as doses recebidas no primeiro trimestre para imunizar profissionais de saĂșde de capitais e regiĂ”es metropolitanas que atuam no combate Ă covid-19.
Antes de firmar um memorando de entendimento com a Pfizer, Pazuello chegou a comentar nos bastidores, de forma irĂŽnica, que a proposta da farmacĂȘutica nĂŁo servia nem para imunizar BrasĂlia, que tem cerca de 3 milhĂ”es de habitantes. Em audiĂȘncia pĂșblica no Senado, no Ășltimo dia 17, Pazuello fez crĂticas Ă s exigĂȘncias da farmacĂȘutica. Ele reclamou do nĂșmero de doses oferecidas, alĂ©m do pedido de assinatura de clĂĄusula para isentar a empresa de responsabilidade sobre efeitos colaterais que a vacina ou de julgamentos em tribunais brasileiros. "Pasmem, estamos pensando em aceitar. Ă uma realidade, isso, claro, precisa passar pela decisĂŁo do governo e chancela do Congresso", disse o ministro.
Bolsonaro tambĂ©m tem tratado a proposta da Pfizer com desdĂ©m. “LĂĄ no contrato da Pfizer estĂĄ bem claro: ‘NĂŁo nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Se vocĂȘ virar um jacarĂ©, Ă© problema de vocĂȘ’”, disse em 17 de dezembro, em Porto Seguro, no sul da Bahia.
A principal aposta do governo federal Ă© o imunizante desenvolvido pela farmacĂȘutica AstraZeneca e pela Universidade do Oxford, que serĂĄ produzido na Fiocruz. O laboratĂłrio brasileiro afirma que pedirĂĄ registro da vacina atĂ© a prĂłxima semana. Nesta quarta-feira, 30, o Reino Unido autorizou o uso emergencial do produto.
Além disso, o ministério tem acordo para receber doses para 10% da população brasileira por meio do consórcio internacional Covax Facility, que ainda não definiu qual imunizante serå ofertado. No caso da Coronavac, imunizante desenvolvido pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantã, o governo também possui apenas memorandos de entendimento, sem a obrigação de compra. As empresas ainda não pediram o registro do produto à Anvisa.