No total, foram realizadas a 23 de novembro, 15 buscas domiciliárias e não domiciliárias em Portugal, no âmbito das quais foi apreendido "um grande volume de documentação" e de equipamento informático e de telecomunicações, adianta esta sexta-feira, em comunicado, a PJ.
As diligências foram acompanhadas de ações em simultâneo no Brasil, em Espanha, na Bélgica e na Holanda. Ao todo, foram efetuadas 179 buscas domiciliárias e não domiciliárias e detidas 45 pessoas, a maioria (38) no Brasil.
Em Portugal, não foi detido qualquer suspeito, afirmou esta sexta-feira, em conferência de imprensa na sede da PJ em Lisboa, o diretor da Unidade de Combate ao Tráfico de Estupefacientes daquela instituição.
"O nosso enfoque tem de ser cada vez mais não apenas na apreensão da droga e na detenção das pessoas, mas também na descapitalização destas organizações criminosas, por forma a cortar a [sua] capacidade de atuação", sustentou Artur Vaz.
Além das quantias apreendidas em território nacional, foram apreendidos, entre outros bens, 37 aeronaves no Brasil, 70 carros de luxo no Brasil, na Bélgica e em Espanha e dois imóveis avaliados em quatro milhões de euros em Espanha.
"É uma operação histórica", frisou, em Lisboa, o diretor nacional da PJ, Luís Neves.
45 toneladas de cocaína por ano
De acordo com Artur Vaz, a rede traficaria, pelo menos desde 2017, 45 toneladas de cocaína por ano do Brasil para a Europa. Só nos últimos seis meses, terá obtido, segundo a Polícia Nacional espanhola, lucros de 100 milhões de euros.
"Estes benefícios movem-se, escondem-se e diversificam-se através de uma complexa rede de contadores e mulas de confiança em diferentes países da União Europeia", acrescenta, na nota, a instituição. Portugal foi um dos países onde foram arrestadas contas bancárias, num montante global ainda por apurar.
Segundo a imprensa brasileira, o cabecilha da rede seria um ex-polícia militar daquele país, de 62 anos.
A operação - apelidada de "Enterprise" no Brasil e de "Camaleão" na Europa, incluindo Portugal - foi, revelou a 23 de novembro o Governo do Brasil, o culminar de uma investigação iniciada em setembro de 2017, após a apreensão, no estado do Paraná, de 776 quilos de cocaína prestes a ser expelidos para o porto de Antuérpia na Bélgica.
Ao longo de três anos, foram apreendidos 52 toneladas alegadamente ligadas à rede agora desmantelada, precisa, em comunicado também esta quinta-feira, a Europol.
Além da PJ e da Polícia Nacional espanhola, participaram também na operação a Polícia Federal do Brasil, a Polícia Judiciária Federal da Bélgica, a Polícia Nacional da Holanda, a Polícia da Roménia e, na fase final, a Polícia do Dubai.