
A Galp anunciou, esta segunda-feira, que vai concentrar as suas operaçÔes de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos a partir do próximo ano.
Ao que a TVI conseguiu apurar, essa decisĂŁo pode pĂŽr em causa 350 postos de trabalho diretos. A refinaria vai ser transformada num centro logĂstico, que vai albergar alguns destes trabalhadores, enquanto outros deverĂŁo ser transferidos, atravĂ©s do plano de mobilidade, para o complexo de Sines. Ainda assim, nĂŁo vai ser possĂvel salvaguardar todos os trabalhadores.
Este processo, que tem sido falado durante os Ășltimos 10 anos, foi acelerado devido Ă pandemia de covid-19, uma vez que o serviço estĂĄ praticamente parado desde o verĂŁo.
Em comunicado, a Galp disse que as "alteraçÔes estruturais dos padrĂ”es de consumo de produtos petrolĂferos motivados pelo contexto regulatĂłrio e pelo contexto covid-19 originaram um impacto significativo nas atividades industriais de ‘downstreaming’ da Galp”, e afirmou que “o aprovisionamento e a distribuição de combustĂveis no paĂs nĂŁo serĂŁo impactados por esta decisĂŁo”.
Esta reconfiguração “permitirĂĄ uma redução de mais de €90m por ano em custo fixos e investimentos e c.900kt das emissĂ”es de CO2 e (scope 1 e 2) associadas ao sistema atual”.
Recorde-se que no passado dia 11, o Sindicato dos Trabalhadores das IndĂșstrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente (Site-Norte) tinha alertado para a “incerteza” quanto ao futuro da refinaria de Matosinhos, onde a produção de combustĂveis estĂĄ suspensa “indeterminadamente” e a monobĂłia desativada.
A Galp disse entretanto aos trabalhadores que a decisĂŁo de descontinuar a refinação em Matosinhos Ă© “complexa e difĂcil” e ocorreu “depois de muita ponderação”, mas torna-se “inevitĂĄvel em face da ausĂȘncia de resiliĂȘncia e sustentabilidade” do atual contexto.
Ă uma decisĂŁo complexa e difĂcil que ocorre depois de muita ponderação, mas torna-se inevitĂĄvel em face da ausĂȘncia de resiliĂȘncia e sustentabilidade perante o contexto em que estamos inseridos”, refere a Galp numa nota interna aos trabalhadores, a que a agĂȘncia Lusa teve acesso.
Segundo a empresa, ao longo dos Ășltimos meses foram desenvolvidos vĂĄrios estudos e testadas alternativas para o desenvolvimento e a adaptação do aparelho refinador aos desafios regulatĂłrios, incluindo fiscais e parafiscais, de mercado e tecnolĂłgicos que emergem do atual contexto.
Analisadas as diversas opçÔes e ponderados os impactos supervenientes, foi decidido concentrar a atividade de refinação na Refinaria de Sines, dando inĂcio ao processo de descontinuação das operaçÔes de produção da Refinaria de Matosinhos, mas mantendo a sua atividade enquanto infraestrutura logĂstica”, indica.
Prosseguiremos com o estudo de utilizaçÔes alternativas para a estrutura industrial de Matosinhos assim como concluiremos a avaliação do desenvolvimento de projetos de adaptação de unidades da Refinaria de Sines com vista a aumentar a sua preparação e competitividade futura, incluindo a integração de produção de biocombustĂveis avançados”, refere.
Segundo a Galp, a decisĂŁo de encerrar a refinaria de Matosinhos foi, nas Ășltimas dĂ©cadas, equacionada em algumas ocasiĂ”es.
No Ăąmbito do plano de implementação daremos naturalmente prioridade a promover as soluçÔes mais adequadas para as pessoas”, refere a empresa.
Continuaremos a trabalhar em conjunto para encontrar outros caminhos, com realismo e com a consciĂȘncia de que hĂĄ trabalho pela frente, mantendo-se o propĂłsito de continuarmos a desenvolver uma empresa lĂder internacional no setor da energia”, conclui.
O Governo jå reagiu, dizendo que a decisão da Galp "levanta preocupaçÔes" em relação ao destino dos trabalhadores, "exigindo da empresa todo o empenho e sensibilidade social para procurar soluçÔes para o futuro próximo".